sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Entrevista a Marta Fernandes








1- Com que idade surgiu o teu encanto pela representação? 

Eu sempre gostei de palco, de espectáculo. Comecei por cantar... passava o dia a cantar. A minha mãe conta que eu cantarolava todos os gingles de publicidades na rádio e na televisão. Depois comecei as aulas de música e dança. Toquei numa orquestra durante alguns anos, e fazia espectáculos de dança, na zona onde vivia. Só mais tarde, quando estava no 9º ano, é que tive a certeza que queria fazer do espectáculo a minha vida. Estreei-me como actriz numa peça de teatro de escola, e fiquei apaixonada pela sensação de retratar emoções e vivências, através de personagens. Foi como uma aparição... e aconteceu em Fátima, na escola onde estudava nessa altura.
Assim que terminei o 12º ano, concorri ao curso de Teatro, da Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo, e iniciei aí a minha formação superior.

 2- És a única artista na família, ou tens influencias dentro dela? 

Fui a única durante muitos anos, mas já não sou. Tenho duas irmãs que são bailarinas maravilhosas. Super talentosas e muito trabalhadoras. São uma inspiração para mim. E a minha Maria também tem revelado um talento incrível para cantar e dançar. 

3- De todos os grandes nomes da televisão portuguesa, qual é a tua maior referência? E da televisão estrangeira? 

Há muitos actores que se entregam a esta arte de uma forma inspiradora, e que são uma referência para mim. É difícil destacar nomes, porque são tantos, alguns que eu nem sei os nomes que, numa cena ou noutra, num trabalho ou noutro, me impressionam. Apesar de tudo, pela genialidade e pelos seus percursos artísticos, há alguns nomes que posso destacar: Maria João Luís, Rita Blanco Ana Bustorf, Ruy de Carvalho, Nicolau Breyner, João Lagarto, João Perry... Bem hajam todos estes, e todos os que se dedicam incondicional e apaixonadamente.

4-De todas as tuas personagens, qual delas é que achas que teve mais alcance do público? Porque? 

A minha personagem no projecto "Chiquititas" foi, definitivamente, muito popular. Era uma personagem carinhosa e que falava a língua das crianças. Isso revelou-se irresistível, e o retorno que tive do público foi surpreendente. Por outro lado, passados 11 anos, tenho recebido muito carinho por parte de pessoas da minha geração, que viram e agora estão a rever a série "Aqui Não Há Quem Viva", que já se tornou uma série de culto. Os 52 episódios estão todos online no youtube, e há quem passe as madrugadas a rir-se com um elenco extraordinário, do qual tive o privilégio de fazer parte. 

5- Dos Grandes nomes da televisão, cinema e teatro com quem é que gostarias de trabalhar? Ou voltar a trabalhar? 

Queria tanto voltar a contracenar com o Nico... tenho saudades dele. Foi ele que me dirigiu no meu primeiro projecto televisivo, e contracenámos em duas novelas. O Nico era generoso, divertido, apaixonado, intenso e muito competente. Ensinou-me tanto...
Quero muito cruzar-me com a Maria João Luís. 

6- Quais as interpretações que mais te marcaram?

Sem dúvida que as dezenas de personagens que fiz no projecto "Chiquititas" foram um grande desafio. 

7- Sentes que estás dividida entre a Representação e a Música, ou achas que não tens que escolher?

Não vou escolher... nunca! São duas paixões avassaladores, e vou querer viver com as duas para sempre
8- Já deu para entender que és muito acarinhada pelo público, queres contar algum episódio " engraçado" que tenhas passado com algum fã?

São tantos... Desde ter crianças a chorarem porque não querem vir ao meu colo, com as mães a obrigá-las. Encontros em casas de banho públicas, em que me reconhecem pela voz, mas não querem acreditar que sou eu que estou ali, e comentam comigo que sou exactamente igual à actriz que vêm na televisão. Pedidos para fazer totós no cabelo e começar a cantar, em qualquer sítio. Jovens que insistem comigo que na série "Aqui Não Há Quem Viva" eu usava peruca! São tantas histórias divertidas e carinhosas. Eu sinto-me muito grata pelo apoio e pelas palavras bonitas e sorrisos que me dedicam constantemente. Sou uma sortuda.

9-Como te defines enquanto actriz? E pessoa?

É difícil dissociar as duas vertentes. Digamos que sou uma actriz apaixonada, que perde horas do dia a pensar em assuntos que não fazem parte da vida real. Adoro o que faço, e isso é parte integrante da minha existência. 

10- Que características privilegias num amigo?

Honestidade e carácter. 

11- Que projectos estão previstos para os próximos tempos?

Estou a dedicar-me de corpo e alma a um projecto com o qual sonhava há muitos anos. O concerto que estreei na Madeira, no passado dia 19 de Novembro, e que se chama "Fado e o Mar que nos une".
Este concerto é fruto do amor. O amor pela canção, o amor pelo mar, o amor pela nossa língua… o amor pela liberdade. Sou uma “atriz com alma de cantora”. O meu percurso artístico tem sido o reflexo das minhas duas grandes paixões: o Teatro e a Música. Neste concerto, sonho há muito tempo por concretizar, apresento uma selecção de temas históricos da música brasileira, e do Fado que, por culpa do amor e do fascínio que intérpretes e compositores dos dois lados do oceano sempre sentiram pela poesia e musicalidades da nossa língua, fizeram nascer em parcerias aparentemente improváveis.  Fã na mesma proporção de fadistas como Hermínia Silva, Alfredo Marceneiro, Carminho, Mariza e Amália Rodrigues, e de nomes brasileiros como Elis Regina, Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento, sempre me “encontrou” a meio desse caminho, não tão transatlântico assim, onde o Fado e a música brasileira se encontram. O repertório deste concerto abrange desde canções lusitanas consagradas a fados mais recentes, passando por temas de compositores brasileiros que namoriscam o lirismo e a melancolia do espírito fadista. As músicas são costuradas por pequenos relatos históricos, poemas, e algumas curiosidades, potencializando não só semelhanças estéticas, como reforçando a ligação histórica entre Portugal e o Brasil. Este concerto é também uma Ode ao Oceano… temática recorrente em ambas as culturas musicais, que remete a uma imensidão misteriosa — ainda que convidativa.  "Como diria Vinícius de Moraes, “O sal das minhas lágrimas de amor criou o mar que existe entre nós dois para nos unir e separar." Neste concerto sou acompanhada por músicos residentes na Madeira que, comigo, propoem uma visão contemporânea de temas universais como “Estranha Forma de Vida”, “Saudades do Brasil em Portugal”, “Fado Tropical”, “Fado Português”, “Canção do Mar”, “Sabiá”, “Eu Sei Que Vou Te Amar”, ou “Os Argonautas”, entre outros.
Além deste projecto, sou directora e professora de canto e de representação na Escola de Teatro Musical MStudio, em Leiria. 



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